Nos dias antes da revolução, ouviam-se muitos rumores de que algo estaria para acontecer e, as frases do tipo: “Isto não pode continuar assim!” e “Qualquer dia vai haver uma revolta”, eram ditas pela maioria das pessoas em grupos reduzidos, sob ameaça da PIDE.
As pessoas andavam com medo e revoltadas pelo facto dos seus familiares e amigos estarem na guerra do ultramar e não saberem nada deles.
A minha tia trabalhava nos CTT (correios) e não percebia o que se passava pois estava abstraída da política.
Na manhã do dia 25 de Abril, ao dirigir-se para o emprego, ouvia dizer que estava a decorrer a Revolução do 25 de Abril e, durante todo o dia passou na rádio a música “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso, que tinha dado inicio à revolução.
O trabalho foi passado a receber telegramas das pessoas de Castelo Branco que eram depois enviados para os seus familiares lisboetas a dizer que não saíssem de casa e que ouvissem as notícias, o que causou medo pelo que se estaria a passar em Lisboa.
E foi assim o 25 de Abril visto por uma jovem de 30 anos que ainda pouco sabia acerca da política, mas visto também pela maioria das pessoas que não sabia o que se passava.
André Mesquita
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