“Eu vim sozinha, o teu avô ficou em França. Cheguei de noite e, quando vinha para Castelo Branco, só se ouvia na rádio a revolução de cravos vermelhos que se estava a passar em Lisboa. As televisões anunciavam a mesma coisa, os aviões acendiam e apagavam as luzes para irem para Lisboa, os carros na rua também anunciavam a revolução, as pessoas estavam todas na rua e as ambulâncias apitavam. As pessoas estavam com medo que acontecesse a terceira Guerra Mundial” – foi isto que a minha avó respondeu quando lhe perguntei como é que tinha sido o 25 de Abril.
A grande preocupação dela era que anunciavam que as fronteiras iriam ser fechadas, e, assim, não podia voltar a França, onde tinha deixado o seu marido sozinho.
“E no dia 25, como é que estavam as coisas?” – foi a outra pergunta que fiz à minha avó.
“No outro dia, só se ouvia a vitória, os carros de guerra e as pessoas saíram à rua, a festejar e a cantar a música dos Cravos Vermelhos:
Uma gaivota voava, voava
Asas de vento voltada pr’o mar
Como elas somos livres,
Somos livres de votar.”
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Joana Mendes dos Santos
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