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Somos a turma C do 9º ano da Escola Básica Integrada Cidade de Castelo Branco.

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Vai ser utilizado para fixar os trabalhos da disciplina de Área de Projecto dos alunos.

O 25 De Abril de 1974

Na aldeia da minha mãe, as pessoas não podiam falar sobre o governo, porque havia vários agentes da PIDE, disfarçados à civil, e se os ouvissem criticar o governo eram imediatamente presos. Se por algum motivo quisessem falar de alguma coisa a respeito do governo, tinham de o fazer num sítio fechado, onde ninguém os ouvisse.
Quando se queriam mandar cartas para algum familiar, era necessário que a polícia revisse as cartas, para que ninguém estivesse a comunicar algo a respeito do governo. Na altura, ainda não havia telecomunicações avançadas, daí a maior parte dos acontecimentos se virem a saber só mais tarde. Na escola, os rapazes eram separados das raparigas e tanto rapazes como raparigas tinham que usar o seu uniforme. A maioria dos rapazes, com 18 anos ou mais, eram recrutados para o exército, que poderia vir a precisar deles para defender a pátria.
Quem me relatou estes acontecimentos foi a minha mãe que, na altura, tinha 12 anos e vivia numa aldeia chamada Sarzedas. Ela disse-me também que, no dia 25 de Abril de 1974, o meu avô ligou a rádio, e logo aí a minha mãe e os seus irmãos se aperceberam que algo de estranho se passava, pois foi dito na rádio que tinha havido um golpe de Estado. Logo em seguida, passou uma música de Zeca Afonso, intitulada “Grândola, Vila Morena”. Foi nesse momento que o meu avô e os irmãos mais velhos da minha mãe se aperceberam de que algo de estranho se passava e logo o disseram a minha mãe e a minha avó. Só no dia seguinte é que a minha mãe e os meus avós souberam realmente o que tinha acontecido. A partir daí, as pessoas começaram a andar mais livremente, pois já tinham liberdade de expressão.


















Tiago Gonçalves

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