O meu bisavô, Domingos Roberto, nasceu no dia 15 de Novembro de 1921.
Filho de pastores, começou a sua vida de pastor desde os 10 anos, não tendo assim oportunidade de ir à escola. Trabalhou nas maiores casas agrícolas da Póvoa de Rio de Moinhos. Os rebanhos de ovelhas que guardava eram grandes, chegando a atingir as quatrocentas ovelhas e algumas cabras.
O seu ordenado era pago em géneros, alqueires de pão e quartilhos de azeite, poucas quantias de dinheiro e ainda a forra, isto é, as ovelhas que o pastor comprava, que andavam no rebanho, em que a lã e os borregos pertenciam ao pastor e o leite proveniente delas ao patrão.
Havia algumas doenças que atacavam as ovelhas e a mais habitual era a baceira, isto é, os fígados desfaziam-se e a barriga inchava, e naquele tempo não havia veterinários.
A vida de pastor era dura, dormia na choça ao lado do bardo feito de cancelas e caniços, atados com verga de salgueiro, e levantava-se sempre que o sol nascia, para ir vigiar o rebanho. Ao fim do dia de trabalho, ia ordenhar as ovelhas, deitando-se quando o sol se punha.
Para além de guardar os rebanhos, também, juntamente com o maioral, fazia queijos e os produtos provenientes do leite.
Os queijos eram feitos de acordo com as técnicas tradicionais da região: o leite era coalhado com a mistura do cardo, passava aos cinchos, para ser espremido e passar a ter a forma de queijo. Depois de algum tempo, era posto em tábuas, na queijeira, que era de terra batida e de telha vã, para ter uma temperatura regular.
O meu avô tem neste momento 88 anos e pode-se dizer que está a descansar de todo o trabalho que teve pela sua vida fora.
Inês Morais